Voltei a cantar porque senti saudade Do tempo em que eu andava na cidade Com sustenidos e bemóis Desenhados na minha voz A saudade rola rola... como um disco de vitrola Começo a recordar cantando em tom maior E acabo em tom menor Voltei a cantar
No palco, na praça, no circo, num banco de jardim Correndo no escuro pixado no muro Você vai saber de mim Mambembe Cigano Debaixo da ponte Cantando Por baixo da terra Cantando Na boca do povo Cantando Mendigo, malandro, moleque, mulambo, bem ou mal Escravo fugido ou louco varrido Vou fazer meu festival Mambembe Cigano Debaixo da ponte Cantando Por baixo da terra Cantando Na boca do povo Cantando Poeta, palhaço, pirata, corisco, errante, judeu Dormindo na estrada Não é nada não é nada E esse mundo é todo meu Mambembe Cigano Debaixo da ponte Cantando Por baixo da terra Cantando Na boca do povo Cantando
Perdida na avenida Canta seu enredo Fora do carnaval Perdeu a saia Perdeu o emprego Desfila natural Esquinas mil buzinas imagina orquestras Samba no chafariz Viva a folia A dor não presta Felicidade sim O sol ensolarará a estrada dela A lua alumiará o mar A vida é bela O sol a estrada amarela... e as ondas as ondas as ondas as ondas Bambeia, cambaleia É dura na queda Custa cair em si Largou família Bebeu veneno e vai morrer de rir Vagueia, devaneia, já apanhou a beça Mas pra quem sabe olhar A flor também é ferida aberta E não se vê chorar O sol ensolarará a estrada dela A lua alumiará o mar A vida é bela O sol a estrada amarela... e as ondas as ondas as ondas as ondas
Compositor: Francisco Buarque de Hollanda (Chico Buarque) (UBC)Editor: Marola Edicoes (UBC)Publicado em 2008 (18/Jul) e lançado em 2007 (30/Ago)ECAD verificado obra #679934 e fonograma #1389139 em 13/Abr/2024 com dados da UBEM