E do amor gritou-se o escândalo Do medo criou-se o trágico No rosto pintou-se o pálido E não rolou uma lágrima Nem uma lástima Pra socorrer
E na gente deu o hábito De caminhar pelas trevas De murmurar entre as pregas De tirar leite das pedras De ver o tempo correr
Mas, sob o sono dos séculos Amanheceu o espetáculo Como uma chuva de pétalas Como se o céu vendo as penas Morresse de pena E chovesse o perdão
E a prudência dos sábios Nem ousou conter nos lábios O sorriso e a paixão
Pois transbordando de flores A calma dos lagos zangou-se A rosa-dos-ventos danou-se O leito dos rios fartou-se E inundou de água doce A amargura do mar
Numa enchente amazônica Numa explosão atlântica E a multidão vendo em pânico E a multidão vendo atônita Ainda que tarde O seu despertar
Compositor: Francisco Buarque de Hollanda (Chico Buarque) (UBC)Editor: Marola Edicoes (UBC)Publicado em 2014 (07/Jul)ECAD verificado obra #2075645 e fonograma #5924827 em 10/Abr/2024 com dados da UBEM